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Empresa adia volta dos patinetes elétricos a São Paulo

Na véspera da volta dos patinetes elétricos a São Paulo, anunciada para terça-feira (10), a empresa Whoosh informa que irá adiar o projeto. A marca alega que o motivo é o andamento de uma consulta pública sobre a proibição de estacionamentos de patinetes e bicicletas compartilhadas em avenidas onde o limite de velocidade ultrapasse os 40km/h.

No último dia 4, a prefeitura lançou uma consulta, por meio do Comitê Municipal de Uso do Viário (CMUV), propondo a proibição desses pontos de estacionamento em vias mais rápidas, o que incluiria locais importantes para a operação dos patinetes como as avenidas Faria Lima e Paulista. Essas vias têm pontos de locação de bicicletas, e deveriam receber áreas de parada dos patinetes.

A consulta segue aberta até quarta (11). Segundo a Whoosh, se aprovada, as empresas que já operam nos locais teriam até maio para realizar a mudança de endereço. Após uma reunião com autoridades municipais sobre o tema, a marca decidiu adiar os planos. Outra empresa, a EasyJET, também teria um projeto para operar patinetes em São Paulo, mas não havia divulgado uma data para o início da empreitada.

O CMUV propõe alterar uma resolução de 2017 para barrar essas estações em vias de maior velocidade, o que obrigaria as empresas de locação de bicicletas (e, eventualmente, de patinetes) a mudá-las para ruas adjacentes. A implementação dessas estações precisa ser previamente aprovada pelas subprefeituras responsáveis pela região onde elas forem instaladas.

O órgão também quer determinar que as empresas, chamadas de Operadoras de Tecnologia de Transporte Credenciadas (OTTCs), garantam o monitoramento da geolocalização de todos os seus equipamentos e compartilhem esses dados com o poder público quando necessário, além de proibir que essas bicicletas e patinetes trafeguem na contramão em todo o município.

A estação sugerida precisaria ter comprimento máximo de cinco metros e ficar a pelo menos 200 metros de distância da próxima parada. As operadoras de patinetes terão prazo de três a seis horas para recolhimento de veículos abandonados.

A própria Whoosh contribuiu com a consulta, argumentando que a proibição de estações nessas vias poderá prejudicar a integração da mobilidade urbana, já que a maior parte das ciclovias e ciclofaixas fica justamente em vias de maior velocidade. Além disso, as faixas de ônibus e estações de metrô e trem também ficam próximas a vias do tipo. Outra sugestão feita pela empresa é que haja o compartilhamento de estações com outras operadoras — uma estação de aluguel de bicicleta e de patinete poderiam ocupar o mesmo local, por exemplo.

O plano da empresa era lançar mais de 1,5 mil patinetes em regiões da Zona Sul e Oeste da capital paulista na terça-feira, com foco em vias de grande circulação como a Avenida Faria Lima e a Rua da Consolação. Em três meses, previa a marca, haveria uma ampliação da área de atuação, além de um implemento de mais 3,5 mil patinetes na cidade.

O serviço estaria disponível 24 horas por dia, com taxa de desbloqueio de R$ 2 e custo adicional de R$ 0,80 por minuto. Os pagamentos poderiam ser feitos por cartão de crédito ou PIX.

Mesmo com a experiência fracassada de empresa de patinetes elétricos como Yellow e Grin, que entrou em falência no ano passado, e da americana Lime, que operou por apenas seis meses na cidade antes de encerrar as operações no Brasil em 2020, tanto a Whoosh quanto a EasyJET ambicionavam colocar os patinetes elétricos novamente em circulação na cidade ainda neste ano.

As duas empresas foram credenciadas junto ao CMUV e esperavam o aval do município para operar. A russa Whoosh já atua em cidades como Florianópolis e Porto Alegre, e era a mais adiantada nos trâmites com a prefeitura. Já a EasyJET tem patinetes elétricos no Rio de Janeiro e Maceió. Procurada, a JET não respondeu até o fechamento da reportagem.

“Nos últimos anos, algumas marcas do segmento tentaram investir na capital paulista, mas se depararam com obstáculos que impediram o sucesso do mercado, como a falta de conhecimento dos condutores, a qualidade dos dispositivos, a carência de suporte das companhias, além do mau armazenamento dos equipamentos, que normalmente são estacionados nas ruas, sem organização ou supervisão. A Whoosh promete reverter esse cenário”, informa a marca.

A prefeitura correu atrás de regularizar o uso e em 2019 publicou uma normativa para o compartilhamento de patinetes elétricos. Em determinado momento, a gestão Bruno Covas (PSDB) chegou a tornar obrigatório o uso de capacetes via decreto provisório. As multas variavam de R$ 100 à R$ 20 mil e seriam pagos pelas empresas. A obrigatoriedade, no entanto, caiu por determinação da Justiça. A prefeitura também criou regras para velocidade máxima (20 km/h) e o credenciamento das marcas autorizadas a colocar os patinetes em circulação. As medidas, de 2019, continuam valendo.

Para a cicloativista e vereadora-eleita Renata Falzoni (PSB), a volta do modal, apesar de positiva, evidencia vários problemas. Além das ciclofaixas, já sobrecarregadas em certo horários pelos equipamentos que já circulam na cidade, os patinetes “superlativam” questões de infraestrutura. Um buraco que seria facilmente superado por uma bicicleta, vira um desafio para o patinete. Ela também cita um “vácuo regulatório” já que não houve alterações na determinação de Covas.

À reportagem, a prefeitura diz que não descarta mudanças na medida. O capacete, questão que criou problemas para as empresas no passado, é recomendado, mas não obrigatório, pontua.

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