Patinetes elétricos por compartilhamento voltam às ruas de São Paulo
A cidade de São Paulo volta a permitir o aluguel de patinetes elétricos a partir desta sexta-feira (13). Neste primeiro momento, os patinetes serão disponibilizados pela Whoosh, enquanto a EasyJet também está em processo de entrega de documentos para obter a autorização, mas outras empresas poderão pedir para operar o modal a partir de agora.
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A Whoosh vai disponibilizar um total de mil patinetes e 88 estações de compartilhamento durante a operação piloto aprovada pela Prefeitura de São Paulo, inicialmente na Zona Oeste, em bairros como Itaim Bibi, Pinheiros, Vila Nova Conceição e Jardins. Será preciso desembolsar R$ 2 para desbloquear o patinete, e 67 centavos por quilômetro rodado, mas será possível fazer planos semanais ou mensais que terão valores diferenciados. A empresa pretendia fazer o lançamento na terça, mas adiou devido a uma consulta pública que trata sobre a implementação de estações em vias cuja velocidade máxima é de 40 km/h. A consulta ainda está em andamento.
Em 2018, quando o serviço de aluguel de patinetes chegou a São Paulo pela primeira vez, o tema foi marcado por polêmicas: as empresas Yellow, Grin e Lime enfrentaram problemas especialmente com o local de estacionamento dos patinetes, que podiam ser deixados em qualquer ponto da cidade, e não havia regramentos para esse modal. Com isso, houve um problema de abandono dos equipamentos em vários locais. Em 2019, o então prefeito Bruno Covas publicou a primeira normativa para o compartilhamento de patinetes elétricos, que tornava obrigatório o uso de capacetes para quem usava o patinete, com multas que variavam de R$ 100 à R$ 20 mil a serem pagas pelas empresas. A obrigatoriedade, no entanto, caiu devido a determinação da Justiça.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) anunciou a liberação desse novo meio de transporte nesta sexta, em um evento realizado com representantes da empresa. Ele explicou que agora, há regras de velocidade e sobre as estações para deixar os patinetes.
— É mais um modal bastante importante, eu fui visitar na Europa o uso de patinetes lá, principalmente Lisboa, e São Paulo hoje, depois de todo o processo de licenciamento e autorizações, inicia hoje aqui no Largo da Batata, e as pessoas poderão usar patinete. Lá em 2018, a empresa chegou em São Paulo achando que não existia normas, que não existia lei. Agora não, a empresa seguiu todo o regramento, o conselho de mobilidade discutiu, foram colocadas regras de velocidade, tem critérios de onde podem ser colocados esses patinetes, existe uma responsabilidade. Quando tiver um patinete abandonado, eles têm prazo para recolher aquele equipamento — falou.
Os patinetes só podem transitar por ciclofaixas, ciclovias e em vias com velocidade máxima de 40 km/h — ou seja, grandes avenidas onde não há faixas para ciclistas ficam de fora da rota desse modelo de transporte. Também não é permitida a circulação nas calçadas ou o uso por menores de 18 anos. Somente uma pessoa poderá andar por patinete.
Em relação à velocidade, as empresas ficam obrigadas a limitar os equipamentos a 20 km/h, e ficará a cargo das operadoras criar campanhas para que seus usuários cumpram regras de segurança.
O CEO Whoosh, Francisco Forbes, disse nesta sexta que o uso será ativado por meio de aplicativo e o pagamento poderá ser feito por Pix ou cartão de crédito, e há conversas para integrar o equipamento com o Bilhete Único, por exemplo. Ainda segundo Forbes, a empresa tem um programa de manutenção preventivo para que os patinetes sejam avaliados a cada 12 dias para verificar falhas e problemas.
— A gente está promovendo conversas com os cartões de mobilidade da cidade, para o usuário possa sair do transporte público e ter um benefício ao usar nosso equipamento no último quilômetro até o seu destino — disse. — Todos os patinetes têm chips e GPS e são monitorados 24 horas, e temos equipe de campo fiscalizando má-utilização e a gente prevê sanções para os usuários que não respeitarem as regras tanto da prefeitura quanto as nossas regras.
Hoje, a empresa já opera no Rio de Janeiro, em Florianópolis e em Porto Alegre, e as regras que são seguidas nessas cidades serão replicadas aqui pela Whoosh.
A empresária brasileira Paula Nader, que esteve à frente da Grow — fusão da brasileira Yellow com a mexicana Grin, que operaram o sistema entre 2018 e 2019 — falou ao GLOBO sobre o tema. Torcendo pelo sucesso da nova iniciativa, ela fez um retrospecto sobre a primeira tentativa de colocar os patinetes na rotina dos brasileiros. Segundo ela, não houve “grandes vilões” que justifiquem o porquê de o modal não ter vingado, mas cita problemas. Entre eles, ela comentou o estado das vias, que causava muita trepidação e constantes quedas no sistema das patinetes, o equipamento, que não foi pensado para ser compartilhado, além de uma dificuldade com a cultura do usuário, que se recusava a usar capacetes ou estacionar as patinetes no local correto. Para Paula, nessa nova tentativa, o avanço tecnológico é um aliado. A cobertura de internet 5G e a melhora dos patinetes, agora mais resistentes, foram citados como um diferencial neste retorno. O único desafio continua sendo cultural.
Segundo ela, a trepidação causada pelas vias provocava quedas constantes no sistema. Também entrava na conta o problema de logística. Com a possibilidade de deixar o patinete em qualquer lugar, o gasto em para recuperar o equipamento durante a madrugada era uma questão.
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